MITOS ISLÂMICOS

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Portugueses combatem na facção mais violenta da Al-Qaeda

No nordeste de Londres, em Leyton, as ruas tresandam a fritos das minúsculas casas de kebab onde a gordura das pita-shoarmas se cola às paredes e ao chão. Os videoclubes só alugam filmes de ‘Bollywood’, as lojas de vestidos árabes têm escrito na montra que os perfumes são “100% livres de álcool” e nos cabeleireiros há fotos com os 42 tipos de corte de cabelo que são “a última moda afro”. 

Há lavandarias polacas, frutarias caribenhas, tabacarias romenas e restaurantes portugueses. O bairro, um dos mais multiétnicos e pobres da cidade, fica nas traseiras da Londres que vem nos postais turísticos.

As estatísticas oficiais dão algumas pistas sobre esta zona, que ganhou um novo fôlego em 2012 ao acolher os atletas olímpicos e paraolímpicos no Parque Olímpico Rainha Isabel. Residem aqui mais de 40 mil pessoas. Entre 61% a 69% pertencem a uma minoria étnica, um rácio muito superior ao da Grande Londres. Entre os grupos de imigrantes predominam os russos, marroquinos, argelinos, ganeses, nigerianos, jamaicanos ou irlandeses.


Mas há também muitos portugueses, italianos, polacos ou bósnios. O caldo de culturas nem sempre é pacífico. A extrema-direita aproveita os altos índices de criminalidade para ali fazer campanha de contornos xenófobos. A pobreza é espelhada por um outro dado: o Governo estima que cerca de um terço das crianças de Leyton e arredores vivam na pobreza.

Os cerca de dez portugueses monitorizados pelos serviços secretos portugueses e ingleses – suspeitos de pertencer ao exército jihadista Kataib al Muhajireen, aliado do poderoso Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) – vivem nestas ruas. Alguns deles já não se encontram em Londres e neste momento combatem no norte da Síria ao lado de centenas de guerrilheiros ocidentais. A mesquita local, situada na rua principal, é investigada há alguns anos pelas secretas inglesas.

Alguns documentários e reportagens da comunicação social britânica dão conta de donativos suspeitos para a Síria e de extremismo religioso. Lá dentro, ninguém se recorda de ali passarem fiéis de nacionalidade portuguesa. Entre a comunidade portuguesa muçulmana a residir na Grande Londres o assunto é considerado tabu.

Um responsável, que pediu para não ser identificado, garante que os casos foram “já identificados” e que os “elementos mais radicais têm sofrido pressões para se afastarem”.

Apesar de a chamada ‘working class’ (classe trabalhadora) ser a que mais ordena em Leyton, tem havido sinais de alguma mudança na fisionomia destes bairros. Os artigos de lazer das edições dominicais da imprensa inglesa fazem eco de uma nova tendência social: jovens profissionais e com estudos superiores, bem como artistas em rápida ascensão, estão a mudar-se para aquela zona da cidade.

Sem dinheiro suficiente para poder pagar as rendas (escandalosamente) altas das casas situadas no centro de Londres, acabaram por se render aos apartamentos (um pouco) mais espaçosos e (muito) mais baratos, sejam os lofts modernos da Brisbane Road ou as casas vitorianas que dominam a paisagem urbana. Outro dado oficial: mais de metade dos habitantes de Leyton tem menos de 30 anos, de acordo com os últimos censos.

Os acessos rápidos, via underground (metro), overground (comboio), carro ou autocarro (pela movimentada A12), também têm contribuído para atrair mais gente para Leyton. A linha de metro que passa pelo subsolo (Central Line) tem ligação direta com Oxford Circus, Liverpool Street ou Notting Hill. Em pouco mais de trinta minutos qualquer um pode ir ver o Big Ben. Mas há também atrações turísticas em Leyton.

O Mercado de Spitalfieds é um dos mais importantes da área da horticultura, frutos exóticos e vegetais. E não faltam pubs de renome, como o King William IV, situado na High Road, ou o mais recente Leyton Technical pub.

A falta de espaços verdes é ainda um dos argumentos de peso contra Leyton e arredores. Apesar do esforço feito em 2012, para tornar toda a zona mais aprazível para os Jogos Olímpicos, o contraste – neste campeonato dos parques, lagos e outras zonas de lazer – com o centro da cidade não podia ser maior.

Ao caminhar pelas ruas principais e secundárias há uma sucessão, que chega a ser por vezes monótona, de casas e prédios, sem grande preocupação estética. Leyton não é assim tão diferente de Stratford, que por sua vez tem semelhanças gritantes com Walthamstow (todas elas zonas vizinhas do nordeste).

A mística que a cidade de Londres transmite a milhões de visitantes dificilmente passará por estas zonas, embora possa haver quem encontre por aqui alguns encantos escondidos. Os maiores estão mesmo à vista: o sobe e desce de pessoas provenientes de todos os continentes que tentam a sorte numa das mais importantes metrópoles do mundo.

Expresso

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