É a primeira vítima norte-americana do conflito na Síria. Chamava-se Nicole Lynn Mansfield e viajara dos Estados Unidos para lutar ao lado dos rebeldes. Está a ser classificada como uma terrorista, que segundo o regime sírio lutava com a Frente Al-Nusra — o grupo mais radical que combate na Síria contra Bashar Al-Assad e que o Conselho das Nações Unidas classificou na semana passada como “terrorista”. Quando foi encontrada morta, usava um véu islâmico. A família não sabia dela.
A sua filha de 18 anos, Triana Lynn Mansfield, não concorda com essa imagem radical: “A minha mãe não era uma terrorista. Ela foi para lá por um motivo desconhecido e foi obrigada a ficar. Disse-me que voltaria ao fim de uma semana”, escreveu no Facebook. Mas de onde? Ninguém sabia. “Era uma mulher comum e foi mal influenciada por pessoas que quiseram aproveitar-se dela só por ser americana”, acrescenta a filha, citada pelo Guardian.
A sua identidade foi revelada pela televisão síria: nascera há 33 anos em Flint, no Michigan, onde deixara a filha de 18 anos antes de partir para a Síria, há três meses. Foi mãe aos 15 anos, deixou os estudos, deu apoio domiciliário a doentes e idosos e converteu-se ao islão, que identificava com uma religião de paz.
Muito mais caberia no seu retrato, segundo os familiares, para quem Nicole Mansfield tinha vocação para ajudar os mais necessitados. Familiares e amigos não sabiam onde andava ela há mais de três meses. Não ousavam adivinhar, mas secretamente pensavam que Nicole talvez tivesse voltado ao Dubai, onde esteve alguns anos casada com um homem que conhecera através da Internet.
Algo a levou a partir para um país em guerra, a Síria. É pelo menos essa a versão da televisão estatal síria, que mostrou imagens do carro baleado onde ela seguia e do corpo já sem vida, na província de Idlib, no norte, junto à fronteira com a Turquia. Segundo Damasco, Nicole terá sido alvo de um ataque das forças governamentais, depois de lhes ter lançado uma granada. Com ela, seguiriam dois ocidentais, um canadiano e o britânico Ali Almanasfi, de 22 anos.
Junto aos documentos encontrados e mostrados pelos media sírios estaria uma declaração que provava a sua ligação a um dos grupos rebeldes, como representante ou porta-voz, escreve o The New York Times, que contactou activistas em Idlib.
“Era uma boa pessoa, pacífica”, conta ao New York Times a amiga Janice Wilson. “Ela era toda virada para a paz, para ajudar as pessoas. Não percebo isto. Enviou-me uma mensagem há três semanas e meia a dizer que vinha para casa.” A única ligação que aparentava ter à Síria eram as fotografias do conflito que publicava no Facebook, tal como em 2011 publicara imagens da revolta no Egipto que levou à queda de Mubarak.
Nicole estudava o islão num mesquita de Flint — isso era conhecido, embora nem sempre compreendido pela família, protestante. Essa ligação começou no tempo em que Nicole e a amiga Janice Wilson partilhavam casa em Flint, davam assistência domiciliária a doentes e idosos e ambas se converteram ao islão, contou Janice Wilson ao The New York Times. “Era uma religião pacífica para ela, e isso dava-lhe um sentido numa altura em que tentava perceber quem era.”
O FBI lançou uma investigação e muito mais poderá vir a saber-se sobre as circunstâncias da morte de Nicole Mansfield. Mas grande parte da sua vida — e em particular a sua ligação à Síria — ainda está envolta em mistério. A avó, Carol Mansfield, disse à ABC News: “O que quer que ela estivesse a fazer não altera o facto de que terei sempre amor no meu coração para ela.”acto de que terei sempre amor no meu coração para ela.”
Apesar de todo o romantismo envolvido na tragédia (tal como é trágico todas as outras pessoas inocentes que estão a morrer no confronto Sírio) a verdade é que muito provavelmente ela foi para a Síria para fazer jihad (obrigação islâmica).
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