MITOS ISLÂMICOS

terça-feira, 6 de maio de 2014

Boko Haram ameaça "vender no mercado" centenas de alunas raptadas na Nigéria

 
O movimento islamita Boko Haram reivindicou esta Segunda-Feira o rapto de mais de duas centenas de alunas de liceu levado a cabo em meados de abril em Borno, Estado do nordeste da Nigéria. Num vídeo de 57 minutos, remetido às agências internacionais, o líder daquele grupo armado, Abubakar Shekau, anuncia a intenção de “vender no mercado” as raparigas, “por Alá”.

Raptei as vossas raparigas. Por Alá, vou vendê-las no mercado”, proclama Abubakar Shekau, o número um do grupo extremista islâmico Boko Haram, num vídeo obtido pelas agências internacionais. Este registo de 57 minutos começa com a imagem de um grupo de combatentes armados de espingardas automáticas. Entre disparos para o ar, os homens gritam Allahu akbar - “Deus é grande”.

Desconhece-se a data das filmagens. Concretamente, se foram captadas antes ou após a divulgação de notícias, na semana passada, que apontavam para o casamento forçado - com captores do próprio Boko Haram - de algumas das mais de 200 adolescentes raptadas em abril no Estado nigeriano de Borno, no nordeste daquele país africano. Ou mesmo sobre o envio de alunas para países vizinhos, nomeadamente o Chade e os Camarões, onde teriam já sido “vendidas” por uma soma de cerca de 12 dólares (8,6 euros), cada uma.

Na mesma mensagem, Shekau lança-se também numa litania contra a educação ocidental, que, nas suas palavras, “deve cessar”. E as raparigas, defende, “devem desistir” da escola para “casarem”.

Meus irmãos, vocês devem cortar as cabeças dos infiéis. Meus irmãos, vocês devem capturar escravos. Meus irmãos, há escravos no Islão, não se deixem enganar”, prossegue o líder do Boko Haram, para então acrescentar: “Eu vou casar com uma rapariga de 12 anos e vou casar com uma rapariga de nove anos”.


Outras informações, por confirmar, referem que o Boko Haram estaria disposto a negociar o pagamento de resgates pela libertação das raparigas, duas das quais teriam sucumbido a ferimentos sofridos em cativeiro. A coberto do anonimato, um teórico muçulmano, descrito como “intermediário”, adiantou que as estudantes cristãs teriam mesmo sido obrigadas a converterem-se ao Islão.

De acordo com a polícia nigeriana, os guerrilheiros islamitas raptaram, ao todo, mais de 300 alunas. Escaparam 53. Permanecem em cativeiro 276.

Bring back our girls

O destino das jovens raptadas pelo Boko Haram gerou uma vaga de indignação não apenas na Nigéria, mas também entre a comunidade internacional. Um movimento intitulado Bring back our girls (devolvam as nossas raparigas) promoveu várias manifestações por todo o território nigeriano, exigindo esforços redobrados por parte do Governo e do Exército com vista à libertação das alunas.

Naomi Mutah, uma das responsáveis pela criação do movimento de protesto, foi detida na noite de domingo, depois de se ter encontrado com a primeira-dama da Nigéria, Patience Jonathan. Mutah, que foi acusada de se ter feito passar por mãe de uma das estudantes raptadas, saiu entretanto em liberdade.

Debaixo de crescente contestação popular, o Presidente nigeriano pronunciou-se pela primeira vez sobre este rapto no domingo, prometendo “fazer tudo” para obter a libertação das adolescentes. Goodluck Jonathan diria ainda contar com a cooperação dos Estados Unidos na resposta à aguda crise de insegurança que assola o seu país. Na véspera o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, garantira, num compromisso vago, que Washington faria “tudo que fosse possível” para ajudar as autoridades de Abuja.

Com uma população de aproximadamente 170 milhões, a Nigéria vive dias de violência no norte, bastião dos islamitas, no centro, com confrontos quotidianos entre diferentes comunidades, e no Delta do Níger, a sul, onde as populações locais exigem uma repartição mais equilibrada das receitas dos recursos petrolíferos.

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