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Embora eu já esteja a viver no mundo islâmico há já quase 3 anos, os
eventos descritos na história que se segue surpreenderam-me. Acho que a
ideia de ser traída por um amigo ou por um colega de trabalho com quem
já tenho uma longa ligação cordial ainda é difícil de aceitar. Devido a
isto, quando soube que um grupo de mulheres muçulmanas traiu as suas
colegas Cristãs como forma de assegurar uma posição permanente para as
suas colegas muçulmanos, eu fiquei espantada.
Os eventos que levaram à traição começaram em Março de 2014 num
hospital governamental em Lahore, Paquistão, onde enfermeiras Cristãs e
muçulmanas já trabalhavam juntas há vários anos sem qualquer tipo de
problema. Numa tentativa de poupar dinheiro, o governo tomou a decisão
de não renovar o contrato das enfermeiras classificadas como
temporárias (as enfermeiras ou eram permanentes ou temporárias, estas últimas com
renovações anuais de contratos).
Por motivos óbvios, a equipa da enfermaria não ficou feliz com esta
decisão governamental visto que as temporárias iriam ficar sem emprego
enquanto que as efectivas iriam ver as suas horas de trabalho aumentar
sem que com isso fossem proporcionalmente recompensadas. Num gesto de
solidariedade, as enfermeiras Cristãs e as muçulmanas decidiram protestar
os cortes na equipa em frente ao hospital (Ruth e Sandra representaram
as enfermeiras Cristãs).
Pouco depois do protesto ter começado, a polícia chegou e perguntou às
líderes das protestantes o propósito da manifestação. Ruth
explicou-lhes a
situação mas foi dito às enfermeiras que elas estavam erradas e que
elas deveriam voltar para casa. Foi então que as representantes
muçulmanas
disseram à polícia que elas [as muçulmanas] eram apenas espectadoras e
que não faziam parte do protesto.
Quando os polícias ouviram isto,
prenderam as enfermeiras Cristãs, que, ainda em choque com a traição
das colegas muçulmanas, gritaram "Olhem à vossa
volta! É claro que elas
estavam aqui a protestar connosco!". A polícia ignorou o óbvio e prendeu as 17 enfermeiras Cristãs por
"conduta desordeira".
No dia seguinte, as autoridades muçulmanas locais visitaram as
enfermeiras (que haviam sido libertas sob fiança) e disseram-lhes que
se elas se demitissem, nenhum acusação lhes seria feita. As enfermeiras
Cristãs aperceberam-se então que o protesto se havia transformado num
esquema para substituir as enfermeiras Cristãs, que tinham estatuto
permanente, pelas enfermeiras muçulmanas, que tinham estatuto temporário.
As enfermeiras Cristãs recusaram-se a apresentar a demissão e disseram
que iriam lutar contra a injustiça nos tribunais.
Curiosamente, este tratamento injusto chamou a atenção de algumas
pessoas dos média muçulmanos, que expressaram a sua simpatia para com
as enfermeiras Cristãs. Eles juntaram forças com organizações Cristãs e
pressionaram o governo a abandonar imediatamente as acusações, e a dar de
volta às Cristãs o seu emprego. Uma semana mais tarde, as enfermeiras
Cristãs voltaram para o hospital e tudo parecia estar normal (o governo
renovou também os contratos das enfermeiras temporárias).
Infelizmente, as enfermeiras muçulmanas
ficaram zangadas com o facto
das suas irmãs muçulmanas não terem obtido estatuto permanente e devido
a isso, espalharam o rumor de que Ruth e Sandra haviam blasfemado
contra o islão. No espaço duma hora as duas mulheres Cristãs foram
forçadas a sair do hospital devido às ameaças violentas que receberam
da parte dos membros da equipa. O marido da Sandra, que já trabalhava
como técnico de laboratório há vários anos, foi também forçado a sair.
Sabendo muito bem o que estava para acontecer, tiraram os seus
filhos da escola e esvaziaram as suas contas bancárias. Durante esse
período, o marido da Ruth telefonou-lhe para dizer que ele havia sido
despedido da posição de gerente de hotel, cargo que ele já tinha desde
1999.
Nessa noite, enquanto se encontravam sentados à mesa tentando
organizar o seu pensamento em relação aos eventos desse dia, receberam uma
chamada dum amigo, dizendo-lhes que uma multidão se dirigia até à sua
casa para os matar. Eles pegaram em tudo o que tinham, e fugiram para
uma casa do campo pertencente à família de Ruth. De lá, pediram visas
para a Tailândia, onde se juntaram a mais de 7,000 refugiados
Paquistaneses que estão actualmente a viver na Tailândia devido à
perseguição religiosa.
Tal como disse a Amnistia Internacional em 1994:
Durante os últimos anos várias pessoas foram acusadas de blasfémia no Paquistão; em todos os casos conhecidos pela Amnistia Internacional, as acusações de blasfémia parecem ter sido levantadas arbitrariamente, fundamentadas em nada mais que as crenças religiosas minoritárias dos indivíduos. . . . . As evidências disponíveis em todos estes casos sugerem que as acusações foram levantadas como forma de punir membros das comunidades religiosas minoritárias.... Em muitos casos, a hostilidade para com grupos religiosos minoritários parece ser aumentada pela inimizade pessoal, rivalidade profissional ou económica, ou por um desejo de obter algum tipo de vantagem política.
Fonte http://bit.ly/1mFH487Consequentemente, a Amnistia Internacional chegou à conclusão que a maior parte das pessoas que enfrentam acusações de blasfémia, ou que são condenadas com base em tais acusações, são prisioneiras de consciência, detidas apenas e só devido às suas crenças religiosas, reais ou imputadas, em violação do seu direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. (Crucified Again, p.136)
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