MITOS ISLÂMICOS

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Cristãos da Turquia à beira da extinção

Por Uzay Bulut,

Ao mesmo tempo que os Cristãos Ortodoxos celebravam a sua semana Santa de Páscoa, uma igreja histórica em Istambul - a outrora magnífica cidade Cristã de Constantinopla - está a testemunhar mais um abuso por parte das autoridades actuais. "No Sábado passado, a histórica catedral e museu de Istanbul, Hagia Sofia, testemunhou a primeira recitação do Alcorão sob o seu telhado em 85 anos," reportou a Anatolian News Agency of Turkey (controlada pelo governo). "O Religious Affairs Directorate deu início à exibição "Love of Prophet,” como parte das comemorações do nascimento do profeta islâmico Maomé .”

Embora os Cristãos sejam uma pequena minoria na Turquia actual, o Cristianismo tem uma longa história na Ásia Menor - local de nascimento de muitos Apóstolos e Santos tais como o Apóstolo Paulo de Tarso, Timóteo, Nicolau de Myra, e Policarpo de Smyrna. Os primeiros sete Concílios Ecuménicos foram levados a cabo na região que hoje é a Turquia.

Dois dos cinco centros (Patriarcados) da antiga Pentarquia - Constantinopla (Istanbul) e Antióquia (Antakya) - também se encontravam localizadas aqui. Antióquia foi o local onde, pela primeira vez, os seguidores de Jesus foram identificados como "Cristãos". A Turquia é também o local onde se encontravam a Sete Igrejas da Ásia, para onde foram enviadas as Revelações de João.

Durante os séculos que se seguiram, inúmeras igrejas foram estabelecidas na região. Uma delas, a Hagia Sofia, chegou a ser a mais grandiosa catedral do mundo Cristão - até à queda de Constantinopla por parte dos Otomanos no dia 29 de Maio de 1453, seguidos de 3 dias de pilhagem desenfreada (Runciman, Steven (1965). The Fall of Constantinople, 1453. Cambridge: Cambridge University Press).

A Hagia Sofia não escapou à pilhagem; os pilhadores caminharam até à Hagia Sofia e destruíram as portas. Encurralados no seu interior, os congregantes e os refugiados tornaram-se em espólios a serem partilhados pelos invasores Otomanos. O historiador Steven Runciman escreve no seu livro "The Fall of Constantinople, 1453":

Eles mataram todas as pessoas que encontraram nas estradas, homem, mulheres e crianças sem discriminação. O sangue escorreu em forma de rio pelas estradas íngremes desde os pontos elevados da Petra rumo ao Golden Horn. Mas pouco depois a vontade de matar acalmou. Os soldados aperceberam-se que os cativos eram muitos mais preciosos como objectos que iriam dar muito mais lucro dessa forma. (Runcimam, 1965)

Depois da queda da cidade, a Igreja Hagia Sofia foi convertida numa mesquita. Uma mesquita com o nome de Hagia Sofia (em Grego Ἁγία Σοφία, “Sabedoria Santa”) só é possível se a igreja estiver sob o controle duma teocracia islâmica. É como ter uma mesquita com o nome de "Mesquita Arménia da Santa Cruz". Por volta dos ano 1930, o governo Turco transformou a igreja num museu, mas transformar uma igreja em museu também não é uma característica dum estado realmente democrático.

Um dos traços comuns do Império Otomano e da Turquia moderna é a sua intolerância para com as igrejas [ed: na verdade, isto é um traço islâmico e não Turco]. Em 2013, o Vice-Primeiro-Ministro Turco Bulent Arinc, expressou a sua esperança do Museu Hagia Sophia vir a ser usado como uma mesquita, chegando até a identificá-lo de "Mesquita Hagia Sophia". Em relação a esta tendência, Constantine Tzanos escreveu:

A Turquia não está a converter as igrejas em mesquitas devido a uma necessidade real de mais mesquitas e nem devido a um falta de recursos para as construir. A mensagem emitida por aqueles que se encontram na Turquia, que conseguiram converter igrejas Cristãs em mesquitas e exigem que a Hagia Sofia seja também convertida, é que a Turquia é um estado islâmico, e nenhuma outra religião será tolerada.

Em Novembro de 2014, o Papa Francisco fez a quarta visita dum Papa para a Turquia. O porta-voz dos Negócios Estrangeiros Turco, Tanju Bilgic, disse aos repórteres que durante a sua visita, "a aliança de civilizações, o diálogo entre as culturas, a xenofobia, a luta contra o racismo e o desenvolvimento na região" estaria na agenda.  Na verdade, a agenda o Papa Francisco deveria ter incluído as igrejas da Turquia, que foram destruídas, danificadas ou convertidas em muitas coisas - incluindo estábulos, tal como a histórica Igreja Gregoriana Arménia na província de Izmir (Smyrna). O jornal Milliyet reporta:

Alguns cidadãos colocaram as suas vacas e os seus cavalos dentro da igreja, enquanto os habitantes da vizinhança se queixam de que a igreja foi transformada num local para drogados e alcoólicos.

Outra vítima da intolerância Turca para com as igrejas, a Agios Theodoros Byzantine Church em Istambul, foi inicialmente convertida numa mesquita durante o reinado Otomano de Sultan Mehmed II; foi nomeada após Mollah Gurani, o quarto Sheikh-ul-Islam (a autoridade que governava os assuntos religiosos dos muçulmanos no Império Otomano). Foi reportado que em Março de 2014 uma área de entrada da antiga igreja-mesquita havia-se tornado numa "casa", e que a parte superior se havia tornado num "apartamento". Foi feito um barraco dentro dos seus jardins. O quarto do clérigo é hoje uma casa de banho.

Passados que estão alguns séculos, os hábitos dos Otomanos não mudaram.

Actualmente, a Turquia tem menos Cristãos em termos de percentagem que os os seus vizinhos - menos que a Síria, que o Iraque e menos que o Irão.

A maior causa disto foram os genocídios de Assírios, Arménios e Gregos que ocorreram entre 1915 e 1923. Pelo menos 2,5 milhões de Cristãos indígenas da Ásia Menor foram mortos - massacrados, vítimas de deportações, de trabalho de escravo, ou de marchas da morte. 

Muitos deles morreram em campos de concentração com doenças ou esfomeados.

Muitos Gregos que sobreviveram à matança foram lançados para fora das suas casas na Ásia Menor, em 1923, depois da troca forçada de população entre a Turquia e a Grécia. Depois da devastação física seguiu-se a devastação cultural. Por toda a história da República Turca, incontáveis igrejas Cristãs e escolas foram destruídas ou transformadas em armazéns e estábulos (entre outras coisas).

Falando para o Armenian Weekly, o colunista Raffi Bedrosyan reportou:

Actualmente, só restam 34 igrejas e 18 escolas na Turquia, a maior parte delas em Istambul, e tendo menos de 3,000 estudantes nessas escolas. (...) Pesquisas recentes coloca em 2,300 o número de igrejas Arménias em 1915, ao mesmo tempo que se estimam que tivessem existido quase 700 escolas contendo 82,000 alunos durante o mesmo período. Estes números são só das igrejas e das escolas sob a jurisdição do Patriarcado Arménio de Istambul e da Igreja Apostólica, e como tal, não inclui as numerosas igrejas e escolas que pertencem às paróquias Protestantes e Católicas Arménias.

Walter Flick, académico que membro do grupo International Society for Human Rights na Alemanha, afirma que a minoria Cristã na Turquia não desfruta dos mesmos  direitos que a maioria muçulmana:

A Turquia tem quase 80 milhões de habitantes. Só há cerca de 120,000 Cristãos, o que é menos de 1% da população. Certamente que os Cristãos são vistos como cidadãos de segunda. O cidadão genuíno é muçulmano, e aqueles que não são muçulmanos são olhados com suspeição.

Segundo uma pesquisa levada a cabo em 2014, 89% da população Turca disse que o que define uma nação é pertencer a uma certa religião. Entre os 38 países que participaram na questão se pertencer a uma religião específica [islão] é importante para se definir o conceito de nação, a Turquia, com os seus 89% da população, ficou no topo da lista no mundial. [1]

A cientista política Drª Eliabeth H. Prodromou e o historiador Dr. Alexandros K. Kyrou escreveram:

De alguma forma, as políticas de Ankara contra os Cristãos que actualmente vivem na Turquia adicionaram um verniz moderno e uma brutalidade sofisticada às normas e prácticas Otomanas. (...) Na palavras dum anónimo hierarquia da Igreja na Turquia, que teme pela sua vida e pela vida do seu rebanho, os Cristãos da Turquia são uma espécie em vias de extinção.

 No dia 4 de Abril de 1949, os signatários do Organização Do Tratado Do Atlântico Norte [North Atlantic Treaty Organization (NATO)] em Washington D.C. anunciaram:

As partes deste Tratado reafirmam a sua fé nos propósitos e nos princípios da Carta das Nações Unidas, e no seu desejo de viver em paz com todos os povos e todos os governos. Eles estão determinados em garantir a liberdade, a herança comum. e a civilização de todos os povos, fundamentados nos princípios da democracia, liberdade individual e estado de direito. Eles buscam promover a estabilidade e o bem-estar nas zonas do Atlântico Norte. Eles estão determinados em unir os seus esforços em favor duma defesa colectiva e em favor da preservação da paz e da segurança.

Fazer parte da União Europeia e da NATO exige que se respeitem os valores Judaicos, Cristãos, Helénicos e humanistas seculares que têm caracterizado a Civilização Ocidental. e têm contribuído para os direitos civis, democracia, filosofia, e ciência - das quais todos podem ser beneficiados. Infelizmente, a Turquia, membro da NATO desde 1952 e supostamente candidato a membro da União Europeia, tem sido bem sucedida na destruição de toda a herança cultural Cristã da Ásia Menor

Tudo isto faz-nos lembrar o que o Estado Islâmico e o que outros grupos jihadistas estão actualmente a levar a cabo no Médio Oriente. Na Turquia, a população Cristã que ainda existe, netos dos sobreviventes de genocídios, ainda se encontram expostos à discriminação. Os antigos hábitos dos Turcos Otomanos não parecem morrer.

- http://bit.ly/1Ics0XN
 
[1] Em 2014, o Professor Ersin Kalaycioglu da Sabanci University e Professor Ali ‎Carkoglu da Koc University levaram a cabo uma pesquisa com o nome de “O Nacionalismo na Turquia e no Mundo,” tendo como base entrevistas levadas a cabo junto de cidadãos Turcos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 um pouco por toda a Turquia. “Portanto, segundo o comum cidadão [Turco], um Turco é aquele que é muçulmano,” disse o Prof. Carkoglu.

3 comentários:

  1. Por essas e outras que seria inconcebível uma entrada da Turquia na União Européia, a não ser que os esquerdistas a consigam transformar numa nova União Soviética.

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