MITOS ISLÂMICOS

domingo, 2 de outubro de 2011

Os muçulmanos não "salvaram" a literatura helénica da destruição


Um comentador deste blogue foi enganado por uma lenda bastante popular, subscrita por muitos membros da comunidade historicamente iletrada:
Se não fossem os malditos muçulmanos, nós não teríamos a fantástica literatura antiga!!! Sabias que eles preservaram-na para nós? Oh, não sabias, pois não?

Não só eles preservaram aquela porcaria toda, mas contribuíram muito para a matemática, medicina e ciência (isto, ironicamente, numa altura em que a Europa atravessava um caos total, cheia de corpos em decomposição).

É sempre interessante receber o que supostamente seria uma aula de História de alguém que nada sabe acerca Império Romano Oriental

A ideia da "transmissão dos clássicos por parte dos árabes" é falsa, como deveria ser óbvio para aqueles cientes que a maioria dos antigos textos perdidos para o Ocidente foram "descobertos" na Espanha conquistada e não no Médio Oriente.

Para além disso, é sobejamente conhecido que os muçulmanos não contribuíram muito durante o período em que eles possuíram os clássicos gregos (e os latinos pós-imperiais não os tinham consigo).

A transmissão dos clássicos por parte dos árabes é um mito comum e persistente onde se diz que autores como Avicenna e Averroes "salvaram" os trabalhos de Aristóteles e dos outros filósofos gregos da destruição.

De acordo com o mito, estes trabalhos teriam sido destruídos durante o longo período da Idade das Trevas europeia (entre o 5º e o 10º séculos) se os filósofos islâmicos não os tivessem preservado e traduzido para o arábico - apenas para serem transmitidos aos filósofos latinos do Ocidente depois da reconquista de Espanha durante os séculos 12 e 13.

Isto está incorrecto. Na verdade, foram os Bizantinos do Oriente que salvaram o conhecimento antigo dos gregos na língua original, e os primeiros textos latinos a serem usados foram traduções do grego (século 12)


1 comentário:

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