Como vimos ontem, Aswany não é um radical, não é um islamita. É alguém que luta por um centro democrático no Egipto e no mundo árabe . Mas este cândido Aswany transforma-se num Rambo quando Israel surge na conversa.
E a linguagem não engana. Aswany, um moderado, considera Israel o inimigo e, em consequência, desumaniza por completo os "sionistas" (um termo revelador).
No meio deste ódio, a honestidade intelectual é a primeira baixa. Aswany diz que "a lendária resistência dos palestinianos levou Israel a cometer um brutal massacre" em Gaza.
Bom, convém relembrar que Israel fez uma guerra defensiva contra um território que estava a ser usado para atacar israelitas. Aswany nunca menciona que o Hamas lançava rockets - todos os dias - contra Israel. Portanto, o Hamas é um corpo de escuteiros inofensivo, é a guarda avançada e pacífica da "lendária resistência".
Depois, Aswany diz que a muralha de aço subterrânea - entre Gaza e o Egipto - visa apenas "matar à fome a população de Gaza". Claro, é isso mesmo. Os túneis entre Egipto e Gaza são meros corredores humanitários, não é verdade? Nunca ali passaram armas para o Hamas, as tais armas que nunca foram usadas contra Israel, não é verdade? Nunca. Jamais.
A desonestidade de Aswany e dos árabes em geral não está nas críticas a Israel. As acções de Israel podem e devem ser criticadas. A desonestidade está no facto de os árabes não olharem para factos simples: o Hamas dispara rockets contra Israel, os túneis servem para o Hamas receber mais armas.
Uma discussão séria do assunto tem de contemplar estes dois factos. Mas, na visão árabe, estes pormaiores são simplesmente ignorados. Porquê? Porque Aswany & cia. não estão interessados nos erros políticos de Israel.
Para Aswany, Israel é um erro, um erro histórico, um erro ontológico. E quem pensa assim não perde tempo com análises a erros de conjuntura, não é verdade?
Aswany, relembro, é um dos moderados do novo Egipto.
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