Uma certa ironia ocorreu nos calendários dos residentes do Golfo
Pérsico no dia 18 de Dezembro: Essa Quarta-Feira foi, ao mesmo tempo, o
Dia Nacional do Qatar e o Dia Internacional dos Migrantes - uma
coincidência notável se levarmos em conta que 90% da população do Qatar
é composta por trabalhadores migrantes.
Como o primeiro país do Médio Oriente a receber o Campeonato do Mundo, o Qatar trará o torneio para uma região já de si obcecada pelo futebol. De facto, os líderes do Qatar promoveram a sua candidatura para o Campeonato de Mundo de 2022 como uma chance de se unir as divisões culturais, um encontro amigável de civilizações no campo de futebol.
Como o primeiro país do Médio Oriente a receber o Campeonato do Mundo, o Qatar trará o torneio para uma região já de si obcecada pelo futebol. De facto, os líderes do Qatar promoveram a sua candidatura para o Campeonato de Mundo de 2022 como uma chance de se unir as divisões culturais, um encontro amigável de civilizações no campo de futebol.
Nas palavras Hassan al-Thawadi, director-executivo da candidatura do
Qatar, "O [Campeonato do Mundo do] Qatar-2022 pode vir a ser um momento divisor de águas."
O Qatar irá investir uns estimados $100 mil milhões em projectos infraestruturais e $20 mil milhões em novas estradas. Para além disso, irá construir nove estádios e 55,000 quartos de hotel.
No entanto, por trás da grande ambição encontra-se o lado negro da candidatura do Qatar para o Campeonato do Mundo: a exploração institucionalizada de trabalhadores provenientes do Sul da Ásia. As instalações que se encontram em construção estão, em muitos casos, a ser construídas por trabalhadores que são essencialmente escravos. Dos 2 milhões de habitantes do Qatar, só 225,000 são nacionais; o resto são operários migrantes, maioritariamente do Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão - trazidos para o trabalho manual.
Tem havido notícias de milhares de trabalhadores a serem abusados e outras centenas que morreram na obscuridade. A "International Trade Union Confederation" estimou que, sem acção urgente para remediar a situação, 4,000 trabalhadores morrerão antes do pontapé-de-saída do Mundial (em Doha). Uma investigação levada a cabo pelo jornal Britânico The Guardian revelou recentemente níveis chocantes de mau tratamento de operários da construção civil Nepaleses por parte dos seus patrões Qatari.
Para além de lhes negar água e salários, algumas companhias retiraram as suas identificações (ID) e impediram que eles fugissem. Neste Verão, 44 trabalhadores Nepaleses morreram e as suas mortes foram, de modo suspeito, atribuídas a "complicações coronárias". Cerca de 80% dos trabalhadores dos projectos de desenvolvimento de maior prestígio do Qatar não recebem um ordenado há 18 meses; e eles obviamente passam fome. Os dormitórios onde os operários do Sul da Ásia são colocados são esqualidos e pouco higiénicos (na maior parte das vezes, várias dezenas de operários "vivem" no mesmo quarto).
O abuso não se limita ao Qatar; os operários migrantes enfrentam as mesmas condições horríveis na Arábia Saudita. No mês passado, chegou ao público um vídeo que revelava um operário a ser violentamente tratado por um homem saudita. Os grupos sauditas dedicados aos direitos humanos condenaram o tratamento brutal, e as autoridades prometeram levar a cabo uma "investigação"; mas nada aconteceu.
Infelizmente, nada disto é incomum na região do Golfo onde as atitudes dirigidas aos operários de pele escura são em larga parte discriminatórias - e onde os operários não têm qualquer tipo de protecção legal.
A escravização dos operários migrantes por parte do Qatar está bem embutida na sociedade. Sob o regime kalafa, do trabalho patrocinado pelas companhias, os patrões têm a responsabilidade legal pelo bem-estar dos seus funcionários. Em teoria, isto garantiria protecção contra o tratamento injusto: os operários não podem trabalhar mais do que 8 horas por dia (e nem 5 horas consecutivas sem intervalo). Na realidade, no entanto, as companhias ignoram a lei constantemente, confiscam os passaportes, e não pagam aos operários.
Os operários frequentemente assinam um contracto antes de viajar para Doha, só para o verem rasgado à sua frente ao mesmo que recebem outro contracto com enormes reduções no salário. As companhias patrocinadoras têm que dar permissão aos seus empregados para se movimentarem ou abandonarem o país. Na práctica, milhares de operários migrantes - com falta de educação, normalmente imersos em dívidas e sem apoio da justiça - tornam-se, de facto, na "propriedade" dos seus patrões.
Embora a FIFA tenha estado estranhamente silenciosa em relação ao tratamento que os trabalhadores migrantes recebem no Qatar - apenas recentemente chamou à práctica laboral do emirato de "inaceitável" - outras organizações mundiais têm falado. O Parlamento Europeu aprovou uma resolução exigindo que a FIFA "mande uma mensagem bem clara ao Qatar", dizendo que o Mundial de 2022 não pode ser "entregue após trabalho da moderna escravatura."
A FIFPro, o sindicato internacional de jogadores, composto por 50,000 membros, declarou que se encontra "profundamente alarmada" pelos relatórios da brutalidade presente nos locais de trabalho do Qatar, e exigiram que a FIFA actuasse.
Felizmente para os adeptos do futebol, ainda há tempo para pressionar o Qatar de modo a que o país reforme e melhore o tratamento que ele dá aos operários migrantes. Um lugar lógico para começar seria com a abolição do sistema kafala e a permissão da livre circulação dos operários no país. O aumento das inspecções e penalizações mais duras sobre as companhias que violem a lei deveriam também ser introduzidas.
Pressão internacional tem que ser aplicada: os Estados Unidos e os seus parceiros têm que responsabilizar o Qatar de modo a garantir que a prosperidade que é causada pelos torneios desportivos não seja paga com a vida de operários. No Qatar, e através de toda a região do Golfo, milhares de migrantes sem nome trabalham no deserto como forma de providenciar às suas famílias uma réstia de oportunidade. No entanto, eles são tratados como servos e não como seres humanos. Albert Camus escreveu:
O Qatar irá investir uns estimados $100 mil milhões em projectos infraestruturais e $20 mil milhões em novas estradas. Para além disso, irá construir nove estádios e 55,000 quartos de hotel.
No entanto, por trás da grande ambição encontra-se o lado negro da candidatura do Qatar para o Campeonato do Mundo: a exploração institucionalizada de trabalhadores provenientes do Sul da Ásia. As instalações que se encontram em construção estão, em muitos casos, a ser construídas por trabalhadores que são essencialmente escravos. Dos 2 milhões de habitantes do Qatar, só 225,000 são nacionais; o resto são operários migrantes, maioritariamente do Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão - trazidos para o trabalho manual.
Tem havido notícias de milhares de trabalhadores a serem abusados e outras centenas que morreram na obscuridade. A "International Trade Union Confederation" estimou que, sem acção urgente para remediar a situação, 4,000 trabalhadores morrerão antes do pontapé-de-saída do Mundial (em Doha). Uma investigação levada a cabo pelo jornal Britânico The Guardian revelou recentemente níveis chocantes de mau tratamento de operários da construção civil Nepaleses por parte dos seus patrões Qatari.
Para além de lhes negar água e salários, algumas companhias retiraram as suas identificações (ID) e impediram que eles fugissem. Neste Verão, 44 trabalhadores Nepaleses morreram e as suas mortes foram, de modo suspeito, atribuídas a "complicações coronárias". Cerca de 80% dos trabalhadores dos projectos de desenvolvimento de maior prestígio do Qatar não recebem um ordenado há 18 meses; e eles obviamente passam fome. Os dormitórios onde os operários do Sul da Ásia são colocados são esqualidos e pouco higiénicos (na maior parte das vezes, várias dezenas de operários "vivem" no mesmo quarto).
O abuso não se limita ao Qatar; os operários migrantes enfrentam as mesmas condições horríveis na Arábia Saudita. No mês passado, chegou ao público um vídeo que revelava um operário a ser violentamente tratado por um homem saudita. Os grupos sauditas dedicados aos direitos humanos condenaram o tratamento brutal, e as autoridades prometeram levar a cabo uma "investigação"; mas nada aconteceu.
Infelizmente, nada disto é incomum na região do Golfo onde as atitudes dirigidas aos operários de pele escura são em larga parte discriminatórias - e onde os operários não têm qualquer tipo de protecção legal.
A escravização dos operários migrantes por parte do Qatar está bem embutida na sociedade. Sob o regime kalafa, do trabalho patrocinado pelas companhias, os patrões têm a responsabilidade legal pelo bem-estar dos seus funcionários. Em teoria, isto garantiria protecção contra o tratamento injusto: os operários não podem trabalhar mais do que 8 horas por dia (e nem 5 horas consecutivas sem intervalo). Na realidade, no entanto, as companhias ignoram a lei constantemente, confiscam os passaportes, e não pagam aos operários.
Os operários frequentemente assinam um contracto antes de viajar para Doha, só para o verem rasgado à sua frente ao mesmo que recebem outro contracto com enormes reduções no salário. As companhias patrocinadoras têm que dar permissão aos seus empregados para se movimentarem ou abandonarem o país. Na práctica, milhares de operários migrantes - com falta de educação, normalmente imersos em dívidas e sem apoio da justiça - tornam-se, de facto, na "propriedade" dos seus patrões.
Embora a FIFA tenha estado estranhamente silenciosa em relação ao tratamento que os trabalhadores migrantes recebem no Qatar - apenas recentemente chamou à práctica laboral do emirato de "inaceitável" - outras organizações mundiais têm falado. O Parlamento Europeu aprovou uma resolução exigindo que a FIFA "mande uma mensagem bem clara ao Qatar", dizendo que o Mundial de 2022 não pode ser "entregue após trabalho da moderna escravatura."
A FIFPro, o sindicato internacional de jogadores, composto por 50,000 membros, declarou que se encontra "profundamente alarmada" pelos relatórios da brutalidade presente nos locais de trabalho do Qatar, e exigiram que a FIFA actuasse.
Felizmente para os adeptos do futebol, ainda há tempo para pressionar o Qatar de modo a que o país reforme e melhore o tratamento que ele dá aos operários migrantes. Um lugar lógico para começar seria com a abolição do sistema kafala e a permissão da livre circulação dos operários no país. O aumento das inspecções e penalizações mais duras sobre as companhias que violem a lei deveriam também ser introduzidas.
Pressão internacional tem que ser aplicada: os Estados Unidos e os seus parceiros têm que responsabilizar o Qatar de modo a garantir que a prosperidade que é causada pelos torneios desportivos não seja paga com a vida de operários. No Qatar, e através de toda a região do Golfo, milhares de migrantes sem nome trabalham no deserto como forma de providenciar às suas famílias uma réstia de oportunidade. No entanto, eles são tratados como servos e não como seres humanos. Albert Camus escreveu:
Em
tal mundo de conflicto, um mundo de vítimas e executores, é o trabalho
das pessoas pensantes não ficar do lado dos executores.
É também o trabalho dos Ocidentais não ficar do lado dos donos de escravos. Quem, conscientemente, desfrutaria do espectáculo do Mundial de 2022 sendo ele construído por esta escravatura moderna?
Fonte
* * * * * * *
Os maometanos a viver no ocidente asseguram-nos de que o islão pode "salvar" a Europa e os Estados Unidos da decadência moral, mas a realidade diz-nos exactamente o contrário: por pior que o Ocidente esteja (e graças aos esquerdistas e aos pseudo-Cristãos, ele está mesmo mal) subscrever o islamismo como filosofia moral não melhoria em nada a nossa condição.
Em vez dos maometanos tentarem "salvar" o ocidente, eles deveriam centrar os seus esforços nos países islâmicos que ainda levam a cabo prácticas que os mundo Cristianizado aboliu há mais de 100 anos.
Parabéns pelo blog, totalmente realista e trás informações e ideologias bem sólidas e importantes.
ResponderEliminarSe for possível, tenta comentar com o teu nome. Deixei passar este porque acho ser o teu primeiro.
EliminarFica bem.