Por Carlos J. F. Sampaio
Se há dramas sem final feliz, o mínimo que se pode
desejar é que tenham visibilidade, provoquem reflexões e acções para
evitar a sua repetição. Pode ser o caso do rapto das estudantes
nigerianas pelo Boko Haram, organização para a qual o ensino ocidental é
pecado e, por isso, têm como alvos principais dos seus ataques
criminosos escolas e estudantes.
Convém recordar que este caso chegou à
opinião pública mundial pela dimensão, mas não foi o primeiro nem será o
último. São dramas recorrentes, assim como o caso de Malala, alvejada
por taliban no Paquistão, é apenas um, “felizmente” visível.
Dificilmente
alguém poderá concordar ou desculpar minimamente estes energúmenos
criminosos que presumem falar e agir em nome do Islão. Conheço muitos
muçulmanos que não têm a mínima hesitação em condenar e repudiar frontal
e publicamente tais propósitos.
Apesar de não existir um líder
equivalente ao Papa nem uma instituição reguladora como o Vaticano, era
importante que as figuras públicas muçulmanas relevantes e influentes
viessem a público proactivamente marcar uma linha e deixar claro onde
começa o real haram (pecado).
Relativamente ao papel de
lideranças influentes neste campo, não podemos deixar de pensar nas
monarquias do golfo. A ligação passada entre a Arábia Saudita e o
Al-Qaeda de Bin Laden e o apoio actual do Qatar a vários grupos armados,
por exemplo na Síria, é incontestável. Também é do Qatar a cadeia de
televisão Al Jazira, que teve um papel fundamental na mobilização da rua
árabe durante as famosas Primaveras.
Existe uma fortíssima acção de
promoção do “seu islão” por parte destes protagonistas, com patrocínios
de muitas formas e feitios.
Ultrapassam a “linha” do direito
internacional e do respeito dos direitos humanos? Quando esses altos
dignatários aterram em Paris, ou noutra capital, com a carteira cheia
para comprar activos e vontades, e se lhes desenrola a passadeira
vermelha, era importante saber que outros terrenos pisam esses mesmos
pés.
* * * * * * * *
Claro que nem o Carlos Sampaio nem qualquer outro escritor ocidental pode demonstrar como é que o grupo Boko Haram opera de maneira contrária aos ensinamentos de Maomé.
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