A chegada dos observadores da Liga Árabe à Síria foi ontem marcada por dois atentados à bomba contra edifícios dos serviços de segurança do país, em Damasco. Pelo menos 40 pessoas, na maioria civis, morreram e 100 ficaram feridas, segundo declarações à imprensa do vice--ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Faisal Mukdad.
De acordo com a televisão estatal, as investigações preliminares apontam para um grupo ligado à Al-Qaeda como estando por trás dos atentados suicidas.
“No dia da chegada dos observadores árabes, este é o presente do terrorismo e da Al-Qaeda, mas vamos facilitar ao máximo a missão da Liga Árabe”, sublinhou Mukdad, acrescentando que “o povo sírio vai enfrentar a máquina de matar apoiada por europeus, americanos e certos árabes”.
“Vários soldados e um grande número de civis foram mortos nos dois ataques levados a cabo por bombistas suicida em carros armadilhados com explosivos contra bases da segurança de Estado e outros edifícios dos serviços de segurança”, foi dito na televisão ao mesmo tempo que eram exibidas imagens de pessoas mortas e de edifícios e carros destruídos.
Segundo a Al-Jazeera, as explosões marcam uma séria escalada do nível de violência, sendo esta a primeira vez desde o início da revolta contra o regime do presidente Bashar al-Assad que acontecem em Damasco atentados desta dimensão.
Segundo relatos de testemunhas no local, as bombas explodiram no bairro de Kfar Suseh durante a manhã. Um automóvel tentou forçar a entrada no complexo da segurança do Estado e outro explodiu em frente a um edifício dos serviços de segurança na mesma zona da capital.
Sob o lema “protocolo de morte, uma licença para matar” – frase a que recorrem para designar o acordo com a Liga Árabe –, os activistas contra o regime de Al-Assad apelaram, através do Facebook, à realização de protestos por todo o país contra a missão da Liga Árabe após as orações de ontem.
Para a oposição, a presença da missão árabe em Damasco, após vários meses de indecisão, não passa de mera “manobra” para evitar que a Liga apele ao Conselho de Segurança da Nações Unidas e de mais uma “tentativa do regime para ignorar a iniciativa árabe e esvaziá-la do seu conteúdo”.
O porta-voz do comité de coordenação local da rede de activistas, Omar Edelbi, deixou o apelo “à Liga Árabe para fazer referência à crise na Síria perante o Conselho de Segurança da ONU”.
A missão de observadores faz parte do plano árabe assinado pela Síria a 2 de Novembro. Nele também se pede que os militares sejam retirados das zonas residenciais, que se suspenda a violência e se libertem os manifestantes até agora detidos.
A equipa que está no país é formada por responsáveis de segurança e de questões legais e administrativas e está a preparar a chegada dos restantes membros da Liga Árabe, prevista para amanhã. De acordo com a AFP, o líder da missão, Mohammed Ahmed Mustafa al-Dabi, já afirmou que nos próximos dias o número de observadores no país poderá chegar aos 150 ou 200.
O movimento de contestação na Síria, que começou em Março com manifestações pacíficas a favor da democracia, transformou-se nos últimos meses numa violenta luta armada entre as forças de segurança e militares desertores que se juntaram às forças de oposição.
Ainda na quarta- -feira, o Conselho Nacional Sírio (CNS, a maior força da oposição) disse que em 48 horas as forças do governo tinham morto 250 pessoas.
Já a ONU, cuja resolução para condenar a repressão na Síria continua num impasse, fala em mais de 5 mil mortos desde o início das manifestações.
Em declarações à agência EFE, Omar Edelbi responsabilizou o regime de Al-Assad pelos atentados. “Trata-se de uma tentativa de mostrar que o regime enfrenta um perigo externo e não uma revolta popular”, sublinhando que as vítimas destas explosões “fazem parte do preço da liberdade que o povo sírio está a pagar para se desfazer de um regime ditatorial e criminoso”.
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